
Entre janeiro e março de 2010 estava
estudando inglês na Inglaterra. Num fim de semana peguei um avião e fui à
Itália conhecer Roma e o Vaticano. Durante uma jornada, entre o Vaticano e o
hotel em que eu me hospedava em Roma, ouvi quatro vezes uma voz interior me
dizendo: “Eu me amo”.
Em Roma eu estava hospedado em um hotel entre o
Coliseu e a Igreja Santa Maria Maggiore. A maior igreja dedicada à
virgem Maria em Roma. Situada perto do terminal central do metrô de Roma, onde
as únicas duas linhas, norte-sul e Leste-Oeste, se cruzam.
Na manhã do domingo em que eu estava
por lá fui cedo ao Vaticano, mas não aguentei esperar até a hora da missa do
papa. Passeei pela Basílica de São Pedro, fiz uma oração no túmulo de João Paulo
II e resolvi voltar para Roma. No caminho algo me aconteceu.
No metrô entre o Vaticano e a Piazza
del Popolo, perguntei para mim como iniciar um caminho de comunhão com
Deus. Logo veio em minha mente a imagem de um Judeu idoso que me disse: “Amar a
Deus sobre todas as coisas”. Então ouvi pela primeira vez uma voz interior que
disse de dentro de mim: “Eu me amo, pois é Deus conosco”
Desci no destino, observei as pessoas,
monumentos e construções. Tudo era novidade. Mas mais uma vez, em pensamento, me
perguntei: “Como devo proceder?” Então lembrei de uma missa de um amigo meu que
é padre da ordem dos Freis Carmelitas, e de que o mesmo lembrava uma
passagem bíblica que dizia: “Amar ao próximo como a si mesmo”. E pela segunda
vez ouvi aquela voz interna dizendo: “Eu me amo como meu próximo mais próximo”.
Segui a caminho da Fontana di
Trevi, onde joguei uma moeda e fiz um pedido. Mas na hora de fazer o pedido
mais uma vez meu coração perguntou ao meu pensamento: “O que preciso fazer?”
Neste momento me lembrei de conhecidos espíritas que sempre me falam da
caridade. Também me lembrei da passagem bíblica I Coríntios XIII, que fala que
mesmo ‘se falássemos a língua dos anjos e dos homens, sem amor nada seríamos’
Também lembrei que em algumas versões da bíblia, neste trecho, a palavra amor
vem traduzida como caridade. Então ouvi pela terceira vez a voz interior
dizendo: “Eu sou o que sou e Eu me amo como sou”.
Logo depois fui para o Coliseu, e Fórum
romano, onde me perguntei mais uma vez instintivamente: “Quem me ama se não o
Deus que eu amo”. Lembrei-me então de crentes que encontrava em Porto Alegre,
que sempre me diziam “Jesus te ama”. E logo a voz interior, que vinha do meu
coração, me disse mais uma vez: “Eu me amo como semelhante e filho de Deus”.
Depois disso voltei à Inglaterra onde
terminei meus estudos em inglês. Mas sempre, até hoje, me olho no espelho, em
meus olhos, e a voz ainda me diz: “Eu me amo”.
(Um conto de)
Juliano Dornelles