terça-feira, 8 de abril de 2014

Fórum da Liberdade - Discurso Neoliberal


O Fórum da Liberdade, realizado entre os dias sete e oito de abril, trouxe, à tona, assuntos de extrema importância. Apesar de ser um evento de ideologia unilateral, sem contrapontos, serviu para que pudéssemos ter acesso à visão neoliberal sobre vários temas. Com um tom de pré-campanha eleitoral, e carregado de um ar de anti-esquerdismo, o fórum gera algumas polêmicas. Sobretudo nas críticas diretas que faz ao governo vigente e o apoio explícito a uma candidatura específica.

Apesar dos pesares, os temas colocados em diálogo são úteis à uma reflexão necessária. O combate à inflação; A necessidade de investimentos em infraestrutura, saúde e educação; A reforma tributária e previdencial; As privatizações; Abertura comercial; Responsabilidade fiscal e transparência; O combate à corrupção; O fortalecimento das instituições; A importância do capital internacional ao desenvolvimento; E a necessidade de alternância de poder como imprescindível à democracia.

Vivemos em um mundo globalizado. Onde a liberdade é um dos pilares da democracia, uma vez que permite a pluralidade de vozes. O respeito aos direitos humanos é fundamental. E a solidariedade pode fazer a diferença. Neste ambiente, há aqueles que pregam a necessidade de distribuição de renda, ao mesmo tempo em que, contraditoriamente, defendem a competição capitalista. Ora inclusiva aos serviços de qualidade, ora excludente em relação a quem vive à margem das oportunidades. Uma realidade cruel e desafiadora. Com possibilidades de crescimento tão grandes quanto os riscos da competição desleal.

O capitalismo é o império dos mais fortes. O ápice do sistema de seleção natural. O lugar de destaque é reservado a quem se propõem a produzir mais e melhor. De um lado, tal competição estimula o crescimento e o desenvolvimento. De outro, expurga da sociedade aqueles que encontram maiores dificuldades em colocar-se no mercado. O capitalismo é um sistema desafiador, baseado na competição. E na exploração da força de trabalho do trabalhador pelos grandes empreendedores.

É claro que isso tudo tem um lado bom. São os capitalistas que geram empregos e fazem a economia girar. É a competição que estimula a prestação de serviços de melhor qualidade e melhor custo-benefício. É esta luta cotidiana, por um espaço, que nos obriga a tentar ser melhor a cada dia. Assim como a grande maioria das coisas, o capitalismo tem um lado bom e um lado cruel. No entanto, o fórum tratou de abordar apenas o lado bom deste modo de produção. A democracia também foi defendida com unhas e dentes. Até mesmo o parlamentarismo surgiu como uma alternativa citada por parte de um dos convidados. 

Mas a melhor parte do Fórum foi quando os participantes Luis Felipe Pondé e José Cordeiro abordaram temas atuais ligados à tecnologia e a evolução da medicina; A importância da biotecnologia e da genética na busca da imoralidade do corpo humano; A singularidade tecnológica em que a inteligência artificial alcança e ultrapassa a inteligência humana; A possibilidade de comunicação telepática no futuro; Quando o homem será capaz de comandar exoesqueletos com o pensamento. Por fim, a tecnologia é colocada como uma forma pós-moderna de magia.

A revolução burguesa foi lembrada como um grande passo na evolução social do mundo. Quando se iniciou um deslocamento da expectativa de salvação da teologia à política; Da graça divina à produtividade profissional. Por último, podemos concluir que o Fórum abusou do senso comum. Mesmo assim, nos lembrou de que é preciso debater e discutir os problemas sociais e suas possíveis soluções. Valores, ideias e princípios, foram colocados na mesa. Novas e velhas alternativas que nos fazem pensar no futuro do país em um ano eleitoral.


J.P.D.

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