De todas as pesquisas que realizo, o objeto de estudo mais interessante sou eu mesmo. Através da convivência cotidiana, vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, em função de mim, a cada dia me surpreendo com o que descubro sobre o próprio ser. Uma das particularidades que me fascinam é o que chamo de diálogo intrapessoal. O que é complexo e pode causar a loucura. Contudo, se torna uma ferramenta espetacular de desenvolvimento pessoal, quando utilizada de forma consciente e prudente.
Conversar consigo mesmo, em voz alta, pode parecer loucura aos olhos dos
outros. Mas, pra mim, tem sido uma forma de orientar a mim mesmo durante o dia.
A diferença básica entre um monólogo e um diálogo intrapessoal é que, no monólogo,
é quando a pessoa fala sozinha, interpretando personagens. Enquanto, em
uma visão cosmopensante, o diálogo intrapessoal é composto pela conversação dos
diferentes 'eus' que compõem o ser complexo.
É como se colocássemos pra conversar os diferentes 'eus' que vivem conosco,
compondo o ser que somos. Fazer este exercício em voz alta, apesar de ser uma
forma de loucura aparente, é uma forma de fazer ouvir os entes da consciência
psicológica ou os seres espirituais, do céu e da terra. No espiritismo, chama-se
de doutrina ou desobsessão. Porém, essa forma de diálogo direcionado ao caminho
evolutivo só funciona se o próprio ser conquista o domínio sobre si mesmo.
Na psicologia ou no espiritismo, a conversação, imaginária ou real, entre os
seres metafísicos, é um modo de pensar de formas diferentes sobre o mesmo
assunto. Como se sentássemos na mesa do café, pra conversar, nós, os 'eus' que
pensam de forma diferente. O eu que é a favor de estudar após o almoço; O
eu que acredita ser necessário malhar antes, pra estar mais tranquilo na hora
do estudo; O eu que sente a necessidade de adiantar os trabalhos neste horário;
O eu que lembra de ter de ir ao banco pra acertas as contas; etc.
A diferença do diálogo cosmopensante é que o indivíduo acredita e percebe a
presença de vários 'eus' compondo o ser. Ao invés de reduzir-se a um
único eu. Apesar deste exercício poder ser feito em silêncio, dentro do
pensamento, a vantagem de falar em voz alta, aos olhos do espiritismo, é uma
forma de fazer com que os espíritos presentes possam ouvi e, quem sabe, também
falar. Além de ser uma excelente forma de conhecer a si mesmo, é a forma ideal
de reconciliar forças opostas e desenvolver uma espécie de comunhão total.
J.P.D.
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