segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Entre tiros



O café está servido. E os caboclos conversavam sobre a guerra sagrada. O mestre foi orientado a ouvir o que tinham a dizer. Havia conflitos na terra. Campos em confronto. Muitos estavam sendo assaltados e nem sabiam. Alguns escondiam o tiro.

'Do que se trata?' - Perguntou o Mestre enquanto ouvia. 

'Você estuda? Treina? Trabalha?' - Perguntou um dos Caboclos. 

'Óbvio que venho preservando tais costumes. Mas por que perguntas isto?' - Questionou o Mestre.

'Há terras do teu interesse em que as pessoas estão matando-se à espada e a maioria nem sabe' - Gente ruim (assaltando gente boa) retirando-se com o que têm, ou fazem, dos quais nem têm e nem fazem. O Caboclo referia-se aos interesses do Mestre. Quanto aos estudos e trabalhos. Treinos e relacionamentos. 

Enquanto o Mestre aguardava nas portas, quem já estava lá, nos lugares do interesse do Mestre, nem sabia que estava sendo usado em 'tiros'. Tiro é como chama-se aquilo que cada um faz sem os outros por decisão e convicção própria. 

Então o Mestre respondeu - 'O detalhe é que aqui é diferente. Nada desejo sem os outros. Tudo que faço, cada atividade, tenho em si. É isto que tenho. É isto que estou'.  

Rapidamente o Exú presente manifestou-se e acusou o Mestre - 'Isto é ser vermelho. Pois o branco, com nada, se retira'. 

'Ambas as linhas trabalho aqui' - Respondeu o Mestre - 'O detalhe, lhes confirmo, é que em vez de fazer o que faço sem os outros quais não fazem, é que faço tudo em si e por si. Nada sem os outros'.

O Caboclo respondeu - 'Aqui a lei é o tiro por tiro. Erra quem pede o vermelho do branco e devolve o azul ou o verde. Pois aqui trabalhamos juntos. Assim seremos cobrados'.

'Que assim seja' - Completou o Mestre. 

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