segunda-feira, 26 de maio de 2014

Virtual


Vivemos uma espécie de novo ecossistema das mídias. Tecnologias desenvolvidas de acordo com as práticas e protocolos existentes no ciberespaço. Frutos da experiência midiática dos indivíduos. Das interações destes, entre si e com o mundo tecnológico. A hiperconectividade ubíqua se torna constante. Seja nos desktops ou nos mais variados meios móveis. Estar na rede, deixa de ser suficiente. É preciso interagir e participar. Jogar, comprar, postar, acessar, curtir, produzir e compartilhar. Vivemos o início de uma ciberdemocracia que, ameaçada pela tecnocracia, tende a ser superada, antes mesmo de ser posta em prática, em sua total plenitude, no mundo globalizado.

Entre os direitos autorais e a apropriação de conteúdo, destaca-se a recriação, em massa, do conhecimento produzido. Compartilhado antes mesmo de sua verificação técnica. Boatos que se multiplicam. Exposição independente de autorização. A internet é uma terra sem lei. Aliás, as leis existem, mas são poucos os quais obedecem à cartilha.

Os sites interativos são mercados virtuais, onde quase tudo se compra e vende. Até mesmo pessoas. Falo neste sentido, quando me refiro às mídias sociais de relacionamento, onde cada um posta, em seu respectivo perfil, aquilo que é, pensa ou deseja ser. Comercializando-se ao 'par ideal'. O qual também é caracterizado e descrito de acordo com as preferências dos pretendentes. Expostos ao consumo, como em um cardápio, com preço (o que buscam no outro) e valor (o que oferecem ao outro).

Os games em rede se tronam mais 'vividos' que a própria vida real. Os ambientes virtuais, mais frequentados que os espaços físicos. Estamos aqui, ali e lá, ao mesmo tempo. E quando desconectamos, continuamos na rede. Em nossas postagens. Em nossos compartilhamentos. Nos comentários postados. E em cada rastro.

Podemos ser acessados a qualquer momento. Até mesmo quando estivermos dormindo. Além de tudo, a mídia virtual pauta o dia-a-dia. Falamos, o tempo todo, sobre o que postado e compartilhado. Estamos próximos de nos tornarmos seres virtuais. Em um universo invertido, onde a ‘Matrix’ é o mundo físico, e o mundo real é o ciberespaço.

J.P.D.

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