quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Visita ao Terreiro ' V '


VISITA AO TERREIRO ' V ' - PARÁBOLA DA SALVAÇÃO .'.
Da Série Contos de Paz . . .

Os caboclos estavam preocupados e vieram até o domínio dos pretos perguntar o que estava acontecendo. Haviam incluído alguém que promovera desfalques por ter (aparentemente) deixado de fora quem poderia ser o seu maior aliado. Porém, tal aliado, continua dentro do domínio maior. Onde convivemos no tudo e no nada.

'O que está acontecendo?' - Perguntaram

'Está tudo errado' - Disse um dos pretos.

'Por quê? - Perguntou o caboclo.

'Há alguém, dentre vós, pedindo a saída de quem é daqui. Quem é daqui, continua aqui' - Explicou o segundo preto.

'Jamais pediríamos a expulsão de alguém, de sociedade ou religião alguma, sabendo que sua participação e presença vêm sendo fundamental desde sempre. Estamos apenas agindo em relação a algo que deveria estar sobre o nosso domínio' - Respondeu o caboclo.

'Mas tal domínio, está dentro do nosso' - Explanou o terceiro preto;

'É justamente isso que precisa se entendido' - Completou o segundo.

O caboclo confessou que, primeiramente, reivindicara o lá a um espaço reduzido. Mas quem ficaria de fora, continua dentro do lá maior (onde tudo existe - incluindo tal ser fundamental).

Então, reivindicou a saída pelo já, de um lado ou de outro. Baseando-se em conquistas do plano físico (graus, títulos e posses), previamente consolidadas. Mas descobriu que ' o já lá ' de tal ser fundamental, compreende múltiplos lados em um só, por se tratar de conquistas maiores, no plano metafísico, consolidadas anteriormente. Conquistas essenciais à legitimação das identidades espirituais.

Na terceira tentativa, por suceder, reivindicou a cópia do conhecimento no 'Isso' pela 'Isso'; Ou, vice versa. Porém, descobriu que tal saber é único por ser se tratar de um saber em reconstrução, recriação e transmutação constante, legitimado pela vivência e aprendizagem decorrente da própria experiência singular de tal ser fundamental.

Ao abandonar o domínio dos pretos mais antigos, veio até os mestres mercadores. Visto a inexistente alternativa, tentou forjar o comércio daquilo que extrapola seu alcance. Porém, o líder da ordem lhes confidenciou que determinadas coisas, quando submetidas ao comércio, vêm sendo salvas pelo Mestre Angular.

Sem saber o que fazer, o caboclo se viu forçado a reconhecer os caboclos do templo maior. Seus iguais, semelhantes, diferentes, contrários e opostos, que aqui vivem. Ondem convivemos em harmonia e total inclusão.

J.P.D.

OBS: Mestre Angular (Ser Fundamental) é quem nasce por acaso (ao capricho divino), livre de chamamentos e transcendente a encomendas; Legitimado, pela construção do próprio caminho, na maioridade da idade do mestre.

É quem jamais comercializa-se por preço algum; Quem jamais reivindica, em terceiros, algo interdependente dos outros; Quem jamais se retira de domínio espiritual algum (incluindo sociedades e religiões); Quem jamais deixa os semelhantes pra trás ou de fora (pois sabe que estamos aqui). Mas, sim, age ao contrário do que é proibido. Permitindo-se acertar o caminho. Mesmo quando em linhas tortas.

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