
A globalização já é uma realidade há muito tempo. Este processo contínuo
ainda está em construção, mas já mostra consequências relevantes em vários
setores. O destino ainda é incerto em relação a unicidade, mas não espera-se
uma homogeneização cultural. Ainda não se sabe se uma cultura global irá se
sobressair sobre as culturas locais, ou se estas ganharão dimensões globais. A
internacionalização geográfica se intensifica nas atividades econômicas.
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A superação do modo capitalista de produção, e a ocidentalização do
mundo, são notáveis. Ciência , tecnologia e consumo são vetores deste processo.
O inglês tornou-se língua mundial, assim como um dia foi o latim e depois o francês.
Os cidadãos são consumidores, além das fronteiras do Estado-nação. A sociedade
se moderniza e torna-se global em seus costumes. O rock and roll, o fast food,
o cinema americano, enfim o 'american way of life' toma conta do mundo.
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Mas as culturas locais não sumirão do mapa. É claro que muitas delas
serão sufocadas, e se restringirão ao tradicionalismo, mas outras ganharão
dimensões globais. A racionalidade é um traço da cultura ocidental. Os meios de
comunicação transcendem suas territorialidades. Marshall Mcluhan já dizia que
'o meio é a mensagem'. E é este meio que possibilita o intercâmbio cultural. A
internet, a televisão, a música, o cinema, são exemplos de mecanismos que levam
a cultura a transpor fronteiras.
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Neste ambiente a memória internacional-popular funciona como um sistema
de comunicação. A mídia e as corporações participam da socialização de uma
determinada cultura, desempenhando papel pedagógico. A universalidade dos
produtos de consumo garante o elo entre as diversidades. Enquanto tudo isso, a
democracia é sinônimo de autonomia e descentralização. Por outro lado a
individualidade é uma realidade que convive com a organização de grupos de
relacionamento e interesses comuns.
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O mundo é um mercado diferenciado. Enquanto os costumes caminham em
direção a uma unicidade, há também as diferenças entre preferências que vão
desde faixa etária, sexo, classe social, visão política, estilos de vida e
outros. O cinema e a televisão criaram uma cultura popular de alcance mundial.
A mundialização da cultura penetra pedaços heterogêneos dos países
subdesenvolvidos, separando-os de suas raízes nacionais. Hojé há o que podemos
chamar de costume global/nacional, mundial/local, universal/particular e
cosmopolita/provinciano.
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A mundialização da cultura redefine o significado da tradição. Esta pode
preservar a cultura dos povos. Contudo, ser moderno é pertencer a uma cultura
atual. E a cultura atual é global. Uma cultura mundializada deixa raízes em
todos os lugares. Será preciso redesenhar o mapa do mundo.
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Juliano Dornelles