
Estamos chegando ao fim de mais uma eleição e não pude deixar de fazer
uma análise do programa eleitoral gratuito através da ótica das Teorias de
comunicação. Manipulação, persuasão e influência são verdades que não devem ser
desconsideradas. Sobretudo o controle da informação, a causa, o efeito e o feedback esperado
nas urnas logo se traduzirão em votos.
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Posso começar dizendo que todo programa eleitoral passa por um processo
de newsmaking. Uma seleção do que deve ser passado ao público.
Levando-se em consideração a noticiabilidade e a relevância de cada informação.
O Gatekeeping está presente tanto no newsmaking quanto
na parte do TSE, que, sobre a orientação do código de ética da comunicação,
valida direitos de resposta a informações flutuantes e inverdades.
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Boa parte do público adequa seus horários de acordo com a programação da
TV. E esta por sua vez configura sua programação de acordo com os interesses
dos públicos. Nada além de um exemplo prático da teoria da Agenda
Setting. O efeito latente é uma realidade. As influências de alguns dados
começam a aparecer quase que anuladas. Mas com o decorrer do tempo ganham
dimensão maior. Um bom exemplo é o das pesquisas do Ibope e Datafolha.
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Quanto ao público, e sua decisão sobre em quem votar, pode-se dizer que
sofre a ação das possiblidades dos usos e gratificações que os programas
políticos lhe oferecem. O eleitor é induzido a agir a partir do que a
propaganda lhe propõe. Nada além de um exemplo da bullett theory.
Mas quase tudo depende da decodificação da mensagem. Pois como diz a semiótica,
nem sempre o significante condiz com o significado.
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Além da visibilidade mediada dos candidatos podemos ressaltar, por parte
do público alvo, consequências tais como a sobrecarga simbólica e a absorção do self.
Ou seja, o incorporeamente dos conteúdos e da experiência mediada. Tudo isso se
traduzirá de fato no voto nas urnas. Podemos dizer que o futuro presidente do
Brasil será sem dúvida nenhuma o melhor produto oferecido pela mídia. A
indústria cultural já dizia que a cultura de massa, além de emergir da massa,
sofre a influência da manipulação das mídias.
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Enquanto o espectador-eleitor assiste o programa eleitoral gratuito,
nada mais é do que um receptor passivo de uma quase interação mediada. Mas no
próximo domingo, na hora de escolher em quem votar, terá o direito de interagir
e fazer do seu voto o feedback definitivo desta corrida
publicitária. Neste momento a teoria deixará de ser teoria e tornar-se-á
realidade.
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Juliano Dornelles