segunda-feira, 4 de março de 2013

Personificação Mitológica do Cosmos


Seguindo as considerações acerca da importância social e psicológica das religiões, e lembrando Freud, podemos dizer que as crenças surgem como uma forma de defender o homem da natureza. Ao mesmo tempo em que busca reconciliá-lo e uni-lo às forças do cosmos, comungar assim com as mais distintas personificações do universo.

A mitologia busca, em parte, identificar na natureza forças que podem ser personificadas como manifestações divinas. E posteriormente, no próprio homem. Assim tens sido feito há milênios em relação aos astros (estrelas, planetas, luas), com plantas e animais, com os fenômenos meteorológicos (raio, trovão, chuva, vendo, tempestade, arco-íris), com os elementos da natureza (fogo, terra, água e ar) e muito mais.

À medida que o homem identifica características místicas em cada manifestação natural e as interpreta como divinas, posteriormente personificando-as, se torna admissível incorporar tal espírito (característica sobrenatural espiritual ou psicológica) à identidade humana.

Freud coloca este fenômeno como a humanização da natureza. O mundo que cada um vive. Dentro do universo que cada um é. Algo tão grande dentro de algo tão pequeno. Assim sendo o homem busca conciliar-se com o céu e a terra. Na tentativa de sintonizar-se ao equilíbrio universal.

Toda esta comunhão se dá a partir da percepção, do entendimento e da sensibilidade. Ao percebermos e entendermos, sentimos. Quando Descartes falou a ilustre frase: 'Penso, logo existo', certamente tenha suprimido outras considerações semelhantes, tais como: 'Percebo, logo existo', 'Entendo, logo existo' e 'Sinto, logo existo'. Deste modo, faço delas, minhas citações.

O importante é ter em mente que o 'religare' busca a comunhão entre o humano e o divino. A matéria e o espectro. O que é conhecido e o que é desconhecido. O visível e o invisível. O explicável e o inexplicável. O palpável e o intangível. Aquilo que a ciência pode comprovar, e aquilo que somente a fé relatar. 

Assim os mitos têm colocado em interação o homem, a natureza e o cosmos. Dando vida ao imaginário ao transcender o real. Astros, luzes, flores e feras. Tudo o que existe no mundo exterior vive também no coração e na mente do homem. O ‘pensar’ e o ‘sentir’ humanos são causa e efeito do pensar e do sentir da alma do universo infinito (e vice versa). Nós e o infinito, somos um. Basta perceber, entender e sentir.

J.P.D.

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