quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ser Complexo - Transgressão e Transcendência


Partindo da experiência pessoal, me proponho a analisar, de forma breve, a transcendência e a recriação do ser como um conjunto de fatores que fortalecem o homem a partir da vivência pessoal e do experimento empírico. As considerações feitas neste texto sofreram a influência do artigo 'A soberania do mal' de Philippe Joron, onde também são abordados nomes como Georges Bataille, Franz Kafka, Jean Poul Sartre, entre outros.

A ideia principal a ser defendida aqui é a de que os homens se fortalecem a partir das experiências pessoais. Muitas pessoas, antes de atingir a sã consciência, experimentam a inconsequência de uma vida louca e desregrada. O jovem, principalmente, ousa experimentar a contradição e a violação das regras impostas pela sociedade.

Neste contexto, conforme Joron, entramos na 'problemática da liberdade em um confronto contínuo com o mal'. O autor cita a capacidade do homem de 'transgredir, violar, e percorrer caminhos proibidos', colocando a 'transgressão' como uma forma de coragem. Em vez de ignorância.

Bataille afirma que "a coragem necessária à transgressão é uma conquista do homem". Apesar de minha tese não ser fundamentada por estas colocações, defendo a ideia de que o homem que conhece a transgressão configura uma subjetividade mais complexa do que o homem que desconhece este 'outro lado' oposto à consciência.

Se a transgressão implica coragem, e não alienação, a consciência implica a eliminação da transgressão. Uma vez dotado de consciência, o homem parte da transgressão a transcendência pelas mudanças de atitude, transmutação do ser e transformações do mundo em que vive. É certo que o ser consciente não precisa ter passado pela transgressão. Contudo, o homem que conhece os dois lados se torna um ser complexo dotado de raciocínio múltiplo, se tornando, assim, fortalecido pela experiência e vivência de dois mundos opostos. 

De algum modo, o homem consciente, que passou pela transgressão e busca a transcendência, tem de fazer escolhas. Hábitos do passado precisam ser eliminados como um 'corpo estrando' à nova realidade. Os vícios, os jogos, as brigas, confusões, festas, assim como o sexo desvinculado do amor ou do interesse reprodutivo, entre outros aspectos, precisam ser expurgados como um excremento.

O novo homem, então, busca novos alimentos à alma na finalidade de recriar-se. Bataille compara os 'corpos estranhos', os quais exemplifico como pensamentos, sentimentos e hábitos da experiência de transgressão da vida passada, com os excrementos (fezes, urina, esperma e menstruação). Conforme Joron, 'o homem deve, então, queimar o excedente de atividades não-produtivas' tais como as guerras, festivais, erotismo, assim como as atitudes irracionais, desviantes ou imorais. Deste modo, livre dos erros da passagem pelo 'outro lado', o homem transcendente torna-se complexo e mais próximo de ser completo.

J.P.D.

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