sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Onipresença na era da convergência


Estava fazendo uma releitura do livro 'Cultura da Convergência' de Henry Jenkins, que fala sobre tudo da cultura participativa e da inteligência coletiva, além da convergência midiática, cultural, de relacionamento e interação.  Neste sentido percebi que a convergência de fato já está acontecendo. É uma realidade. E não há como fugir dela.

Jenkins chama a atenção para as transformações culturais que são fruto da convergência. Cita as transformações tecnológicas que transformaram o celular em um misto entre o computador e o telefone. Com múltiplas funções e possibilidades de interação. Segundo Jenkins a convergência não ocorre apenas por meio de aparelhos, mas sim dentro dos cérebros e nas interações entre as pessoas. A convergência também altera as relações entre a indústria, o mercado e os públicos. 

Jenkins faz uma análise sobre os spoilers, que são uma espécie de pesquisadores e curiosos que zapeiam informações sobre programas de reality shows para antecipar ou explicar ao público, informações sobre os episódios. Criam o que Pierre Lévy chama de comunidades de conhecimento. Tais informações são trocadas e compartilhadas. Deste modo também surgem outras comunidades de interação em torno de assuntos de interesse comum ao público participante. Jenkins ainda cita as comunidades de fãs de filmes e seriados como Star Wars, Harry Potter e Matrix. Filmes estes que depois transformam-se em outros produtos, como games, revistas em quadrinhos, álbuns de figurinhas, bonecos colecionáveis além das tradicionais comunidades virtuais. 

As comunidades de conhecimento e a convergência tecnológica são o caminho que nos levará ao amanhã. Um futuro próximo onde a construção social do conhecimento colocará a informação ao acesso de todos que fazem parte da Aldeia global. Hoje em dia é impossível que todos saibam tudo sobre tudo. Mas se somarmos os conhecimentos individuais poderemos criar o que Lévy chama de inteligência coletiva. O jornalismo colaborativo é um passo dado neste sentido. David Weinberger, autor do livro 'A nova desordem digital' cita exemplos neste sentido como o Oh my news e o Wikipédia. Ambas as situações em que o cidadão comum pode agregar conhecimento e informação, deixando de ser um consumidor passivo para tornar-se também um produtor de conteúdo.

Estas e outras mudanças nos colocam cada vez mais próximos da onipresença. Zygmount Bauman já fala nela em seu livro 'Modernidade Líquida'. Bauman fala na onipresença da informação, da cultura e do conhecimento. Em um mundo os as sociedades deixam seu status sólido, imóvel, passa assumir a fluidez do líquido, que adapta-se às situações, moldando-se ao caminho. Assim, neste contexto devemos nos adaptar a estas mudanças. E assumir nosso papel como contribuinte e colaborador na construção da Nova Ordem Mundial. Como já mostrava um dos vídeos mais famosos do Youtube. A Mídia Revolution. O nascimento do prossumer. Uma comunhão entre o produtor e o consumidor de conteúdo. A internet e os dispositivos móveis são plataformas e meios do momento. Contudo a transformação vai além da tecnologia. Ela é mental, psicológica e espiritual. 

Hoje, assim como a informação, através dos dispositivos de comunicação, conseguimos estar presentes em mais de um lugar ao mesmo tempo. Conseguimos multiplicar o acesso a nossas idéias. A nossa visão do mundo. Assim como também, de outro lado, podemos acessar outros universos. Seja de casa, através da televisão, do rádio ou da internet. Ou na rua através de um smart phone, net book ou palm. E tudo isto não me assusta nem me impressiona, pois já vivo nesta realidade. Assim como outros tantos. Junte-se a nós. Estamos esperando você. 

Juliano Dornelles

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