Há muitos anos pesquisadores como
Jurgen Habermas, Anthony Gidens a Hannah Arendt tentavam compreender as funções
da esfera pública. O espaço público como um espaço de interação e
relacionamento. Uma transcrição da antiga Ágora aonde a voz de alguns se fazia
ser ouvida por muitos. Hoje em dia algumas ideais do passado recente foram
comprovadas e outras hipóteses foram derrubadas.
Habermas pregava o domínio da esfera
privada pela esfera pública. A esfera pública foi descrita por ele como um
espaço de representação entre o estado e a sociedade. E esta esfera, segundo
ele, teria uma grande tendência de dominar o privado. Ou seja, o que é alheio
ao público. E de fato, isso tudo tem algum sentido. O advento dos movimentos
pró-democracia participativa são exemplos disto. Uma esfera onde a sociedade
tenha voz. E tenha vez. Contudo em um mundo onde 'até a China bebe Coca-Cola',
do capitalismo selvagem excludente, competitivo e dominador, o público vem
sendo invadido pelo privado. E isso não se restringe às privatizações de
estatais que passam do domínio público para o privado. Mas vai além do
'controle da liberdade de expressão' notável na China, no Oriente Médio e até
mesmo na Venezuela.
De mesmo lado de Habermas, Anthony
Gidens já nos introduzia uma ideia de Democracia semidireta. Hoje há muitos
pesquisadores que aprofundam este tema. Que vão além da participação direta do
povo nas escolhas. Como o exemplo brasileiro do Orçamento Participativo, que
foi esquecido e deixado de lado. Mas sim, que fala também da transparência
política, da visibilidade midiática e da accountability, que é
uma espécie de prestação de contas públicas aos cidadãos.
Hannah Arendt igualmente reconhecia a
necessidade de liberdade, igualdade e pluralismo político. A diversidade de
opiniões. E de posições ideológicas é benéfica e necessária. Isto tudo é
notável hoje em dia. Num mundo onde devemos continuar lutando para eliminar
diferenças. Habermas, Gidens e Arendt tinham algo em comum. Ambos sonhavam com
um mundo melhor. Uma democracia de verdade, com direitos, deveres e
liberdade de escolha. Neste sentido devemos seguir lutando para solidificar a
conquista da Ágora. Fazendo do Ciberespaço um espaço de acesso a todos. Onde a
cibercultura de Pierre Lévy circula livremente pelas comunidades virtuais
descritas por Howard Rheingold. Um mundo sem fronteiras e sem regimes
totalitários. Mundializado. Globalizado e Universalizado.
Estamos caminhando nesta direção. Cada
vez que um artigo é publicado no Wikipédia. Cada vez que um vídeo é postado no
YouTube. Cada vez que denunciamos ou testemunhamos qualidades e problemas de
produtos e serviços em sites e blogs alternativos. Estamos participando na
construção da Nova Ordem Mundial. John Lenon já dizia: 'Imagine'. Atrevo-me a
dizer: 'Realize'.
Juliano Dornelles
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