terça-feira, 25 de outubro de 2011

Revolução no espaço público-privado


Há muitos anos pesquisadores como Jurgen Habermas, Anthony Gidens a Hannah Arendt tentavam compreender as funções da esfera pública. O espaço público como um espaço de interação e relacionamento. Uma transcrição da antiga Ágora aonde a voz de alguns se fazia ser ouvida por muitos. Hoje em dia algumas ideais do passado recente foram comprovadas e outras hipóteses foram derrubadas. 

Habermas pregava o domínio da esfera privada pela esfera pública. A esfera pública foi descrita por ele como um espaço de representação entre o estado e a sociedade. E esta esfera, segundo ele, teria uma grande tendência de dominar o privado. Ou seja, o que é alheio ao público. E de fato, isso tudo tem algum sentido. O advento dos movimentos pró-democracia participativa são exemplos disto. Uma esfera onde a sociedade tenha voz. E tenha vez. Contudo em um mundo onde 'até a China bebe Coca-Cola', do capitalismo selvagem excludente, competitivo e dominador, o público vem sendo invadido pelo privado. E isso não se restringe às privatizações de estatais que passam do domínio público para o privado. Mas vai além do 'controle da liberdade de expressão' notável na China, no Oriente Médio e até mesmo na Venezuela. 

De mesmo lado de Habermas, Anthony Gidens já nos introduzia uma ideia de Democracia semidireta. Hoje há muitos pesquisadores que aprofundam este tema. Que vão além da participação direta do povo nas escolhas. Como o exemplo brasileiro do Orçamento Participativo, que foi esquecido e deixado de lado. Mas sim, que fala também da transparência política, da visibilidade midiática e da accountability, que é uma espécie de prestação de contas públicas aos cidadãos. 

Hannah Arendt igualmente reconhecia a necessidade de liberdade, igualdade e pluralismo político. A diversidade de opiniões. E de posições ideológicas é benéfica e necessária. Isto tudo é notável hoje em dia. Num mundo onde devemos continuar lutando para eliminar diferenças. Habermas, Gidens e Arendt tinham algo em comum. Ambos sonhavam com um mundo melhor. Uma democracia de verdade, com direitos, deveres e liberdade de escolha. Neste sentido devemos seguir lutando para solidificar a conquista da Ágora. Fazendo do Ciberespaço um espaço de acesso a todos. Onde a cibercultura de Pierre Lévy circula livremente pelas comunidades virtuais descritas por Howard Rheingold. Um mundo sem fronteiras e sem regimes totalitários. Mundializado. Globalizado e Universalizado. 

Estamos caminhando nesta direção. Cada vez que um artigo é publicado no Wikipédia. Cada vez que um vídeo é postado no YouTube. Cada vez que denunciamos ou testemunhamos qualidades e problemas de produtos e serviços em sites e blogs alternativos. Estamos participando na construção da Nova Ordem Mundial. John Lenon já dizia: 'Imagine'. Atrevo-me a dizer: 'Realize'.

Juliano Dornelles

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