domingo, 20 de novembro de 2011

Mitos e verdades


Vivemos num mundo em que a realidade convive com a fantasia. Ficção e verdade estão em estórias e histórias. Na Roma e na Grécia antiga os homens cultuavam seres dotados de poderes extra-humanos. Zeus, Hércules, Afrodite, Atena e muitos outros. Na atualidade e no Brasil, lendas e mitos são cultuados pela tradição. Contudo precisamos diferenciar e delimitar as fronteiras entre a realidade e o imaginário.

Os nomes dos orixás das religiões afro-brasileiras, assim como os santos católicos não passam de graus e denominações atribuídas a pessoas comuns que viveram um dia neste planeta. Meras pessoas. Somadas ao um grau de conhecimento inserido ao rótulo respectivo e nome. Contudo devemos saber que mito é mito, e que nós somos pessoas normais enquanto vivemos. Até porque os Mártires só viraram mártires depois de partirem da vida para a eternidade. Podemos então incorporar mitos já existentes ou sermos autênticos e únicos. Eu mesmo, em dois de meus livros criei duas figuras opostas. Uma é o Guerreiro justo que vive dentro de cada homem e precisa ser desenvolvido. O outro é o Nego Branco, que chamei de novo velho, uma comunhão entre o o que chamam Preto no Candomblé, o Caboclo da umbanda e o Pajé dos Guaranis, que uniram-se para tornar-se um e fazer tudo que os três faziam separadamente. Contudo, cada um é livre para  acreditar no que quiser. E seguir o referencial que escolher.

Sabemos pelos trabalhos da terra, por exemplo que atribuiu-se às entidades denominadas pretos a conexão do 'tudo' com o 'errado' ou com o 'certo'. Na possibilidade de mudar aquilo que não aceitamos ou concordamos. Ou simplesmente enganar os que acreditarem que isso seria possível. A estes indívíduos, vivos ou desencarnados, que se atribuem tal denominação foram inseridas características. Como bebidas e comidas específicas, formas de falar e andar e outros costumes. Contudo poucos fazem distinção entre o mito e a verdade. E muitos ainda são enganados pela fraude de falsos mitos.

Outro exemplo de trabalho espiritual da terra feito no Brasil há centenas de anos foi a denominação da entidade de qual o nome é formado pelas letras E, X e U. A esta entidade, seja vivo ou desencarnado, foi atribuída uma sentença. Formada pela primeira pessoa do singular 'EU' juntamente com o verbo ser no presente do indicativo 'SOU'. Contudo uma coisa seria rotular todos que falassem a frase 'EU SOU' como sendo tal entidade. De outro lado está a ficção de intitular-se tal coisa ou se auto atribuir denominações mitológicas lendárias. 

O que quero dizer é que há uma fronteira entre o real e o imaginário. Sob o meu ponto de vista, pessoas  que se autodenominam heróis da mitologia ou dos quadrinhos são personalidades que precisam de crescimento. E que  para isso precisariam desvincular-se de tais atribuições para que evoluírem como 'pessoas'. Pois ao criarem personagens e tentar vivê-los, acabam fugindo da realidade. Alguns pensam que com isto pudessem levar vantagens ou ter facilidade na subida dos degraus da evolução. Não quero dizer que o Preto, o Caboclo e o Pajé nunca existiram. Mas que sim são mitos do imaginário que vivem até hoje. São lendas da fantasia. O lamentável é quando confunde-se fantasia com realidade. 

Contudo em alguns casos o convívio com o 'amigo invisível', personagem fictício e imaginário acaba por vezes estimulando a auto estima daqueles que lhes confiam sua jornada de evolução. É certo que Tupãn, Sepé e e Zumbi dos Palmares existiram de fato. E que algumas pessoas sentem sua presença. Outra coisa é intitular-se o Negrinho do pastoreio, o Homem aranha,  Batman, o Vampiro ou  Lobisomem.

É possível que no futuro possa haver imagens do papai Noel nas igrejas. Talvez até mesmo do coelhinho da páscoa. As Wiccas, por exemplo, cultuam gnomos e fadas. Agora, se no futuro acenderão velas e farão oferendas para os Thundercats e os Power Rangers, ainda não sabemos. Resta a nós a opção de incorporar este imaginário que vem dos mitos, lendas e da tradição. De outro lado podemos criar nossos próprios personagens. E fazer deles o que bem entendermos. Assim como Mario de Andrade transformou Macunaíma na Ursa maior. Podemos transformar nosso mesmo e nosso outro, independente do nome a atribuição que dermos a eles, naquilo que desejarmos conforme as possibilidades.

Não precisamos enterrar mitos e deuses para crescer mais e melhor. Mas acredito ser mais inteligente se nos assumirmos como 'pessoas'. E como pessoas possam crescer como filhos, pais, irmãos, profissionais, alunos, professores e, sobretudo cidadãos do mundo. Com a ciência de que mesmo os mitos e lendas sendo fantasia e ficção, nós somos verdade.


J.P.D.

4 comentários:

  1. A diferença entre criador e criatura já está no significado da palavra. Apesar de o segundo ser feito a imagem e semelhança do primeiro.

    E para todo plágio há um royalty

    O segredo guardado a sete chaves é a alma do negócio

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  2. Muito legal, interessante e criativo teu blog. Também dinâmico... Gostei até da atualização do tempo. Além de todos os posts, o que gostei de ver foi o "Midia coaching" e a criação de videos. Abç e Parabéns; Márcia S Pereira

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  3. Apesar de expor meu ponto de vista crítico, e até mesmo digno de contestações, respeito opiniões distintas a minha. É a diversidade de opiniões que faz o mundo heterogêneo.

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  4. Até porque esta é uma visão pessoal do dia em que o texto foi escrito... Hoje uma nova visão tomou lugar da antiga. Porém deixo registrado este ponto de vista... pois é um registro de um momento que me trouxe até o momento atual... em que os conceitos foram reformulados.

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