A ENTIDADE
A entidade dizia que a maioria dos vivos não têm tempo aos mortos. Ou, ainda; que os invocam sem autorização. Muito ocupados com trabalho ou família, esqueceram-se de orar à ancestralidade. Tratei de adotar os quais vieram por livre e espontânea vontade.
O ESPÍRITO
Foi quando ofereceram vinho ao 'santo' em troca da vida espiritual. Mas o Mestre bebeu com Baco. Que logo emergiu Dionísio. Numa só voz, dizendo: "Eu sou deus".
Negado por muitos, despachado por tantos e vendido por alguns. Buscado, agora bebe água.
Perguntei-lhe qual o seu 'santo'. Num gole, disse-me ser 'espírito'.
NINGUÉM
Naquele dia; não o viram pai, pois trazia o sorriso do filho. Nem o aceitaram filho, pois trazia os olhos do pai. Embora chamasse todos de irmãos.
Foi quando o cavalo veio até mim. Disse que seu nome era Ninguém. Embora andasse com os mortos, parecia mais vivo que os encarnados. Sua luz branca emanava do espírito.
Desmontei-o, e levantei-o num piscar de olhos, automaticamente, quando cheguei em casa. Então ouvi sua voz, de dentro, dizendo: "Sumi".
ANJO NA TERRA
Era sexta-feira, antes da meia noite, quando Baraque encontrou Metatron. O anjo agia como demônio. Estava entre os punks, bebendo no meio fio. Na terra, atendia pelo codinome Zi. Mas ninguém sabia quem era. A maioria nem o via. Foi quando o Mestre disse: "Levanta-te e anda. Vem e segue-me".
Na oficina, pediu-me um caderno e caneta preta. Logo, citou vários nomes por escrito, dizendo: "Estes foram chamados".
Quim respondeu: "Estão enterrados".
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