quarta-feira, 10 de abril de 2013

A magia das palavras


Desde que comecei a brincar de blogueiro, há mais de dez anos, em meus primeiros blogs do portal Terra e do Windows Live, a ideia era fugir um pouco do formato diário pessoal. E me aproximar, dentro do possível, do formato jornalístico. Porém, acabo passando pela porta estreita da blogosfera, que me diz que já inexiste um formato. O modelo é fugir da forma. A técnica é fugir da técnica. Mais do que livre. A comunhão entre o céu e o inferno. É como a moda. Podemos misturar vários elementos em uma indumentária. E criamos o próprio estilo.

Neste formato, disforme, e longe da técnica adequada, busco tocar em temas complexos quando posso, porém de forma simplificada e acessível. Mesmo quando sinto cometer o erro de ensaiar um ombudsman; Falando da própria produção. Ou uma biografia crônica, por vezes narcísica e intrapessoal; Falando do próprio dia-a-dia. E do que nos rodeia. De alguma forma, o show precisa continuar. Mesmo quando o assunto foge da pauta. E quando a pauta é fugir do assunto.

Até me formar, por ter trocado de faculdade quatro vezes, e três vezes de curso, acabei passando em sete vestibulares em minha trajetória como universitário. Em cada redação, buscava seguir o modelo pré-universitário de introdução, dois parágrafos de pontos positivos e negativos, seguidos de uma conclusão. Com o passar do tempo, venho desconstruindo este modelo. Inclusive o lead jornalístico, que nos induz a comunicar em um formato específico de notícia (o que, quem, quando, onde, como, etc)

O fato é que as palavras são mágicas. Hora desordenadas para serem postas em ordem. Hora ordenadas, para serem dispostas na desordem. Enfim. Esta é a magia do texto. Poder falar o que se quer. Sobre algo, sobre tudo, sobre muito, sobre pouco, sobre o todo, sobre as partes ou sobre nada. 

Dizer tudo é dizer nada. Dizer nada pode ser ocultar o tudo nas entrelinhas. Há um sentido, e neste sentido o caos é pai do progresso. Onde a ordem é uma estrada a ser percorrida com êxito. A sobremesa é uma salada de frutas, na qual as vitaminas se complementam. Sim, o show precisa continuar. Mesmo quando ocultamos o segredo em frases que aparentemente nada dizem. Eis a magia das palavras.

J.P.D.

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