Desde que comecei a brincar de blogueiro, há mais de dez anos, em
meus primeiros blogs do portal Terra e do Windows Live, a ideia era fugir um
pouco do formato diário pessoal. E me aproximar, dentro do possível, do formato
jornalístico. Porém, acabo passando pela porta estreita da blogosfera, que me
diz que já inexiste um formato. O modelo é fugir da forma. A técnica é fugir da
técnica. Mais do que livre. A comunhão entre o céu e o inferno. É como a moda.
Podemos misturar vários elementos em uma indumentária. E criamos o próprio
estilo.
Neste formato,
disforme, e longe da técnica adequada, busco tocar em temas complexos quando
posso, porém de forma simplificada e acessível. Mesmo quando sinto cometer o
erro de ensaiar um ombudsman; Falando da própria produção. Ou uma biografia
crônica, por vezes narcísica e intrapessoal; Falando do próprio dia-a-dia. E do
que nos rodeia. De alguma forma, o show precisa continuar. Mesmo quando o assunto
foge da pauta. E quando a pauta é fugir do assunto.
Até me formar, por
ter trocado de faculdade quatro vezes, e três vezes de curso, acabei passando
em sete vestibulares em minha trajetória como universitário. Em cada redação,
buscava seguir o modelo pré-universitário de introdução, dois parágrafos de pontos
positivos e negativos, seguidos de uma conclusão. Com o passar do tempo, venho
desconstruindo este modelo. Inclusive o lead jornalístico, que nos induz a
comunicar em um formato específico de notícia (o que, quem, quando, onde, como,
etc)
O fato é que as
palavras são mágicas. Hora desordenadas para serem postas em ordem. Hora
ordenadas, para serem dispostas na desordem. Enfim. Esta é a magia do texto.
Poder falar o que se quer. Sobre algo, sobre tudo, sobre muito, sobre pouco,
sobre o todo, sobre as partes ou sobre nada.
Dizer tudo é dizer
nada. Dizer nada pode ser ocultar o tudo nas entrelinhas. Há um sentido, e
neste sentido o caos é pai do progresso. Onde a ordem é uma estrada a ser
percorrida com êxito. A sobremesa é uma salada de frutas, na qual as vitaminas
se complementam. Sim, o show precisa continuar. Mesmo quando ocultamos o segredo
em frases que aparentemente nada dizem. Eis a magia das palavras.
J.P.D.
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