quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Salve-se quem puder


Estava conversando com um amigo de 40 anos, o qual me falava sobre seu filho de 18, usuário de maconha e frequentador da noite de Porto Alegre. Me falou estar preocupado com a juventude. O jovem, antes calmo e tranquilo, agora havia se tornado um rebelde sem causa. Desleixado com as tarefas cotidianas, some todo fim de semana pra curtir a bebedeira com os camaradas. 

Meu amigo, ex hippie punk, me perguntou qual conselho daria a ele pra ajudar seu filho. Perguntei se ele ainda usava alguma coisa. Me respondeu que eventualmente bebia com amigos, torcendo pelo seu time, ao assistir jogos pela televisão. E eventualmente compartilhava o álcool com o jovem. 

Retratei a ele a posição dos psiquiatras, e Narcóticos Anônimos, sobre a recuperação de dependentes químicos (usuários de drogas). Ambos concordam que a recuperação requer um esforço de toda a família. E que as chances de sucesso no tratamento são superiormente maiores quando há mobilização total e abstinência de álcool.

Então lhe respondi. 'Quer um conselho? Tome guaraná nos jogos de futebol e brinde o ano novo com uma bebida sem álcool. Suas chances de recuperar seu guri serão infinitamente maiores'.

Ele me agradeceu, com um ar de que não lhe havia convencido. E um certo tom de culpa em seus olhos, por participar de algum modo da inserção do filho no mundo das drogas a partir do consumo de álcool.

Apesar desta 'estória' ter sido adaptada de sua 'história' real, mostrei este texto ao meu amigo. O qual me permitiu divulgar aqui. Histórias como esta são comuns nos dias de hoje. E muitas vezes, os pais não tem consciência de suas participações na construção dos fatos.

Muitos se preocupam com o tráfico. Com os ambientes perigosos. Com as amizades conturbadas. E apesar de tudo isso ter total influência, esquecem de que os principais legitimadores são aqueles que compartilham com o jovem o vinho da páscoa, a cerveja do futebol e o champagne do réveillon. Uma realidade difícil de aceitar e entender. De outra forma, o fator chave a ser mudado para que mais jovens se salvem do vício.

J.P.D.

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