Você já se deu o direito de observar
que a grande massa está cada vez mais acelerada, correndo de um lado para o outro,
à margem dos planejamentos a longo prazo e das previsões certeiras sobre o
futuro? A sociedade dos bens duráveis agora é a sociedade dos bens
descartáveis. Onde a orientação pela produção deu espaço a orientação pelo
consumo. A Era Sólida ficou para trás e configurou-se de vez na Modernidade
Líquida de Zigmount Bauman.
O filósofo francês Michel Foucault já
chama a atenção para algumas destas mudanças sociais há algum tempo. Podemos
observar, sobretudo nas últimas décadas desde a passagem do liberalismo ao
neoliberalismo. A competição pela conquista dos consumidores é cada vez maior.
A comunicação, o marketing e o design ganham cada vez mais importância nas
transações comerciais. A globalização tem seus prós e contras, uma vez que
invade as fronteiras com produtos multinacionais e sufoca produções
locais.
A era das redes coloca todo mundo em
conexão. O trabalho em equipe deu lugar ao trabalho em rede. Onde se observam
variações na importância do espaço e tempo. O tempo agora é descontínuo. E o
conhecimento é superado ao mesmo tempo em que é produzido. Na era do
imediatismo, se tronou mais difícil fazer planos sobre o amanhã. Hoje vigora um
mundo onde as pessoas vivem para o presente.
Já foi o tempo em que perguntas como
"Quais seus planos para daqui cinco anos?", "Onde você vai
querer estar daqui dez anos?", 'O que você vai querer fazer aos
sessenta anos?' faziam alguma diferença. Estas eram perguntas que orientavam o
planejamento estratégico nas décadas de 1980 e 1990. E esta tática, mesmo
ultrapassada, até hoje norteia planos de negócio e carreira. Contudo a
imprevisão dos fatores paralelos, das forças sobrenaturais da natureza, das
variações de mercado, câmbio, empregabilidade e muitas outras variáveis nos
colocam em um labirinto onde o que vale é ganhar o hoje. Um dia de cada vez.
Vinte e quatro horas, sete dias por semana. A cada minuto. A cada
segundo. Sem muitas expectativas em relação aos resultados, mas cientes da
caminhada.
A primeira vista isto lembra um
navegador sem bússola no meio do oceano. Ou um carro, com o marcador de
combustível quebrado, fazendo uma longa viagem. E é mesmo isto que está
acontecendo. Poucas pessoas se deram conta do que o Sociólogo norte-americano
Richard Sennett já observou há algum tempo. Neste contexto precisamos ser
empreendedores de si mesmos, sendo flexíveis e se adaptando às transformações
cotidianas. Processo este que torna necessário aprender a aprender. Enfim, a
vida é uma escola. De outro lado, para o imediatismo; Paciência.
J.P.D.
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