Na postagem anterior falei sobre o prazer de escrever. De fato é o que realmente me inspira a estar aqui agora nesta prosa cotidiana. Há tantas coisas no mundo que nos incitam a sentar em frente ao computador e transcrevê-las em um texto. Sei que este tom autobiográfico é o que menos inspira o leitor a vir ao encontro dos meus pensamentos e sentimentos. Mas sim a possibilidade de encontrar a si mesmo nestas linhas. Ou alguma nova receita pra curtir a vida numa boa.
O leitor é um semelhante ao escritor. Há uma certa identificação entre
quem lê e quem escreve. Independente de ser de concordância ou discordância.
Independente do motivo que o tenha trazido até esta página, o principal é que
está aqui agora. Então lhe pergunto: 'Encontrastes o que procurava?'
Neste sentido podemos dizer que a procura é mais importante do que o
encontro. É a procura que move nossos dias. Buscamos um trabalho melhor,
buscamos um amor saudável... Enfim, buscamos dias melhores e tudo aquilo
que nos motiva a dar mais um passo na direção do que nos faz bem.
São estas trocas simbólicas de significados e significância que nos
colocam frente a frente. De um lado da tela estou eu, do outro lado está você e
mais alguém a nos espreitar. Sim, eles pesquisam nossas vidas nas redes
sociais. Não só a de quem escreve, mas a de quem comenta, a de que compartilha
e a de quem sugere estes e outros links. Por trás das telas há outros tantos como nós.
Cada um interessado na intimidade do outro. Na possibilidade de aprendermos
algo, uns com os outros.
Alguns interessados em algo particular. Há os que buscam um caminho a seguir; Outros buscam um caminho a desviar. E muitos imaginam o que se passa por detrás
das telas de nossos computadores. Quem está comigo agora aqui do meu lado, por exemplo... Vejo-a
além do texto. Deitada sobre o edredom, vestindo meu roupão pós-banho e me
chamando para ver a novela das nove. Alguém
que atravessou a tela do computador. Abriu minha geladeira e pegou a
última garrafa de água com gás.
Sim, os personagens ganham vida e atravessam a tela dos computadores
para acessar o universo paralelo do mundo real. Mesmo que o real seja
momentaneamente virtual. Os pensamentos deste momento não podem ser
transcritos... O incenso queima continuamente. O óleo de
amêndoas já está sobre a mesa de cabeceira para que nossos corpos recebam a aquela massagem tântrica recíproca e simultanea.
Ela me chama até a cama. Quer ouvir palavras algumas mágicas sendo sussurradas
em seu ouvido. Preciso terminar o parágrafo. Despida, nua, ela vem até
mim, coloca sua mão macia sobre o meu obro e diz: 'Estou te esperando amor...'
Fecho as aspas desta citação e respondo: 'Ok, o texto do dia está pronto!'
J.P.D.
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