Na correria das grandes cidades, nos acostumamos a estar rodeados pela multidão. Pessoas que nunca vimos antes andando de um lado para o outro. Contudo, chegamos em casa e conectamos no Facebook, Twitter e Messenger na tentativa de interagir com aqueles que estão distante. Em alguns casos compartilhamos um pouco de nossas vidas com pessoas as quais não conhecemos pessoalmente. E quando há um contato olho no olho, nem sempre é possível estabelecer laços duráveis entre os interlocutores.
Em um vídeo que vi no YouTube, do Fronteiras do Pensamento, o Sociólogo Zygmunt Bauman coloca um exemplo real do enfraquecimento dos laços de relacionamento entre as pessoas. No exemplo ele cita que um conhecido gabou-se por ter feito 500 amigos no Facebook em um dia. Ele, Bauman, disse nunca ter feito 500 amigos em seus 86 anos. O que Bauman quis dizer é que a noção de amizade que compartilha é diferente da noção que seu conhecido coloca.
Bauman ainda explica que nas relações atuais a atração está, não só na facilidade de conectar, mas também na facilidade de desconectar. Em tempos remotos, antes da era digital, quando as relações se davam na maior parte no olho-a-olho, face-a-face, corpo-a-corpo o desligamento em uma relação de amizade era mais traumático pois havia um envolvimento maior entre as pessoas. 'Hoje se você tem 500 amigos no Facebook, e deleta um, amanhã você tem 499, e estará pronto para adicionar mais 500', disse Bauman na entrevista ao Fronteiras do Pensamento.
O principal aspecto a ser considerado em tudo isso é que as pessoas, apesar de conectadas em rede, permanecem isoladas em suas individualidades. A noção de comunidade deu espaço ao termo Network. Se antes havia um sentimento de pertencimento às comunidades tradicionais (família, vizinhança, religião, escola...), hoje este sentimento quase inexiste. Mark Granovetter, estudioso do assunto, já observava tais índices de intensidade dos relacionamentos.
O importante é que encontremos o caminho do meio entre estes dois tempos. O espaço virtual compartilhado nas redes sociais só poderá vir a oportunizar relações mais intensas e duradouras se as pessoas resgatarem um pouco do convívio no espaço-tempo real. Assim poderemos sair do deserto da solidão pós-moderna para estabelecer laços fortes e reais entre nós e o mundo.
J.P.D.
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