A cada dia que passa, fico mais
impressionado com a desvalorização da arte em nosso país. Vou citar um exemplo.
Tenho contatos no Messenger que trabalham com artes cênicas. Teatro, televisão
e cinema. Um destes contatos reclamava para mim, em uma conversa virtual, que
ganhou apenas dez reais para se apresentar em um espetáculo de dança num evento
cultural em Porto Alegre. Detalhe: Gastou mais para se locomover até o local do
espetáculo. E isto não é um fato isolado. Existem muitos outros episódios que
revelam a desvalorização do artista no Brasil.
Em minhas publicações conheci um grande
número de novos escritores que, como eu, precisam pagar para terem suas obras
publicadas. E muitos deles dispõem do dom da escrita e produzem material
interessante e digno de maior investimento. A arte ainda é muito discriminada
nos dias atuais. E merece um maior destaque. Mas vamos fugir do assunto por um
momento, ampliando o tema ainda dentro da pauta.
Quando falo para as pessoas que
trabalho com consultoria em mídias sociais, muitas delas humorizam a situação.
Fazem comentários que remetam aos sites de relacionamento como entretenimento,
diversão e brincadeira. É certo que muitos jovens e crianças utilizam o Orkut,
o Facebook e outras redes, para o lazer. Mas há inúmeros pesquisadores e
profissionais, que como eu, utilizam estas ferramentas como objeto de estudo ou
trabalho. Hoje em dia qualquer pessoa pode criar um blog em minutos. Mas nem
todas assumem a responsabilidade ética de levar informações verdadeiras e úteis
aos seus leitores.
Certo dia perguntei a alguns amigos
sobre a relevância de algumas atividades que eles realizam. Como cantar, tocar
violão, dançar, limpar a casa, cozinhar e lavar roupas por exemplo. Nenhum
deles tem nestas atividades o seu objeto de estudo ou instrumento de trabalho,
mas as realizam. Fazendo um paralelo com a atividade profissional e acadêmica
relacionada as redes sociais, lembrei-os de que que muitas pessoas ganham a
vida jogando bola, dançando ou cantando. E muitos destes trabalhadores não são
necessariamente gênios naquilo que fazem, mas fazem porque gostam e porque
precisam.
Todas estas atividades, juntamente com
a arte da representação ou a magia da poesia, estão sendo deixadas à margem da
sociedade profissional. Poucos são os que conseguem se destacar nestes campos.
Numa arena onde nem sempre os melhores sobrevivem. Mas ainda há espaço para o
'ai se eu te pego', 'na boquinha da garrafa' e 'bonde do tigrão'. No esporte,
por exemplo, seguidamente temos notícias de atletas extraordinários que deixam
de competir por falta de patrocínio. Ou escritores excepcionais que morrem na
pobreza e são reconhecidos postumamente. Mário Quintana é um exemplo a ser
lembrado.
Precisamos valorizar todo e qualquer
profissional que se empenha e contribui com o mundo de alguma forma. Seja
através da produção cultural ou de qualquer outra. Muitos deles carecem de
ajuda na prospecção de clientes e na divulgação de seus trabalhos. Esta na hora
de dar maior espaço para a arte. E valorizar o trabalhador brasileiro.
Independente do que façam e qual o nível da qualidade de seus trabalhos. Há
mercado para todos. E enquanto estas pessoas permanecerem motivadas e seguirem
realizando seus ofícios, serão menos pessoas nas ruas, consumindo drogas e se
prostituindo. E mais produtividade. Todos eles precisam mais oportunidades,
respeito e reconhecimento.
J.P.D.
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