segunda-feira, 2 de abril de 2012

Oportunidades, respeito e reconhecimento


A cada dia que passa, fico mais impressionado com a desvalorização da arte em nosso país. Vou citar um exemplo. Tenho contatos no Messenger que trabalham com artes cênicas. Teatro, televisão e cinema. Um destes contatos reclamava para mim, em uma conversa virtual, que ganhou apenas dez reais para se apresentar em um espetáculo de dança num evento cultural em Porto Alegre. Detalhe: Gastou mais para se locomover até o local do espetáculo. E isto não é um fato isolado. Existem muitos outros episódios que revelam a desvalorização do artista no Brasil.

Em minhas publicações conheci um grande número de novos escritores que, como eu, precisam pagar para terem suas obras publicadas. E muitos deles dispõem do dom da escrita e produzem material interessante e digno de maior investimento. A arte ainda é muito discriminada nos dias atuais. E merece um maior destaque. Mas vamos fugir do assunto por um momento, ampliando o tema ainda dentro da pauta.

Quando falo para as pessoas que trabalho com consultoria em mídias sociais, muitas delas humorizam a situação. Fazem comentários que remetam aos sites de relacionamento como entretenimento, diversão e brincadeira. É certo que muitos jovens e crianças utilizam o Orkut, o Facebook e outras redes, para o lazer. Mas há inúmeros pesquisadores e profissionais, que como eu, utilizam estas ferramentas como objeto de estudo ou trabalho. Hoje em dia qualquer pessoa pode criar um blog em minutos. Mas nem todas assumem a responsabilidade ética de levar informações verdadeiras e úteis aos seus leitores.

Certo dia perguntei a alguns amigos sobre a relevância de algumas atividades que eles realizam. Como cantar, tocar violão, dançar, limpar a casa, cozinhar e lavar roupas por exemplo. Nenhum deles tem nestas atividades o seu objeto de estudo ou instrumento de trabalho, mas as realizam. Fazendo um paralelo com a atividade profissional e acadêmica relacionada as redes sociais, lembrei-os de que que muitas pessoas ganham a vida jogando bola, dançando ou cantando. E muitos destes trabalhadores não são necessariamente gênios naquilo que fazem, mas fazem porque gostam e porque precisam.

Todas estas atividades, juntamente com a arte da representação ou a magia da poesia, estão sendo deixadas à margem da sociedade profissional. Poucos são os que conseguem se destacar nestes campos. Numa arena onde nem sempre os melhores sobrevivem. Mas ainda há espaço para o 'ai se eu te pego', 'na boquinha da garrafa' e 'bonde do tigrão'. No esporte, por exemplo, seguidamente temos notícias de atletas extraordinários que deixam de competir por falta de patrocínio. Ou escritores excepcionais que morrem na pobreza e são reconhecidos postumamente. Mário Quintana é um exemplo a ser lembrado. 

Precisamos valorizar todo e qualquer profissional que se empenha e contribui com o mundo de alguma forma. Seja através da produção cultural ou de qualquer outra. Muitos deles carecem de ajuda na prospecção de clientes e na divulgação de seus trabalhos. Esta na hora de dar maior espaço para a arte. E valorizar o trabalhador brasileiro. Independente do que façam e qual o nível da qualidade de seus trabalhos. Há mercado para todos. E enquanto estas pessoas permanecerem motivadas e seguirem realizando seus ofícios, serão menos pessoas nas ruas, consumindo drogas e se prostituindo. E mais produtividade. Todos eles precisam mais oportunidades, respeito e reconhecimento.


J.P.D.

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