A grande maioria das pessoas valoriza
os trabalhadores pela sua capacidade de produção. E isto em muitos casos se
resume ao montante que cada um consegue acumular. O capital que são capazes de
produzir. Enquanto isso, do outro lado, pessoas produtivas e por vezes
merecedoras, são excluídas e marginalizadas. E por muitas vezes tem a
dignidade questionada.
Quando falo isso não me refiro a
própria experiência de ter que bater inúmeras vezes, e em incontáveis lugares,
até que uma única porta se abra. Nem tampouco poderia me perguntar o porquê de
algumas pessoas, que nem sempre tem a oferecer o que as instituições precisam,
conseguirem vagas com maior facilidade devido à simpatia ou até mesmo a demasia
de testemunhos, nem sempre verdadeiros, a seu favor.
De outro lado observamos um crescente
número de trabalhadores voluntários nas mais distintas áreas. Que prestam
serviços à comunidade com empenho, comprometimento e amor ao que fazem. Tais
trabalhadores têm sido desvalorizados frente àqueles que trabalham para o
próprio sustento. Mesmo que de certo modo fossem, por certo ponto de vista,
mais nobres, capacitados e motivados por seus trabalhos sem fins lucrativos.
Essa gente está a fim de trabalhar.
Isto é certo. E muitas empresas não se dão conta de que elas precisam e
merecem. A nobreza de prestar um serviço sem fim lucrativo vai além da
dignidade de trabalhar pelo próprio sustento. Sei que serei contestado e até
mesmo detestado por muitos trabalhadores que lutam sol a sol pelo pão de cada
dia. Eles merecem respeito. Mas minha luta não é por aqueles que conseguem se
salvar por seus próprios esforços, mas sim por aqueles que carecem de maiores
oportunidades e investimentos, e de certo modo têm encontrado dificuldades
maiores em garimpar este espaço.
Durante muito tempo tenho conhecido
pessoas que trabalham por um mundo melhor sem receber recompensa alguma.
Observei isso por exemplo em estágios voluntários que prestei durante a
jornada. Trabalhei como pesquisador do Laboratório de Materiais de Construção
quando estudei engenharia civil por mais de um ano. Dois anos como
apresentador, produtor e monitor de programa de rádio quando aluno de
jornalismo. Três meses como recepcionista do um grande Hospital de pronto
atendimento. Duas vezes como mesário. E inúmeros outros casos impossíveis de
enumerar.
O que precisa ser observado não é a
experiência pessoal de uma pessoa isolada que prestou, e ainda presta serviços à
sociedade por amor ao que faz e compromisso com o ser humano. Mas sim o fato de
não ser apenas uma pessoa; Mas sim uma entre muitas que compartilham da mesma
situação Em cada um destes ambientes conheci trabalhadores voluntários que
literalmente pagavam para trabalhar. Investiam seus únicos centavos em vale
transporte e alimentação, e até hoje esperam reconhecimento chances maiores na
selva de pedra.
O que deve ser lembrado é que muitas
destas pessoas, apesar de receberem apoio daqueles que se importam com elas, já
provaram que merecem muito mais do que tem. Um padrão de comportamento que
observei em todos estes casos é que estes trabalhadores não reclamam. E de
outro lado, sentem vergonha em reivindicar mais reconhecimento e
investimento. Eles têm sofrido em silêncio. Mas o que posso dizer é que cada um
deles merece e precisa de espaço para vir a somar conosco. Assim ganham os trabalhadores,
ganham as empresas e ganha a sociedade. Esta na hora de jogar junto em prol do
bem comum. E é isso é que estas pessoas tem feito. Precisamos reconhecê-los e
retribui-los.
J.P.D.
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