Ao estudar e pesquisar blogs, vlogs e outros canais de comunicação midiática, percebo, cada vez mais, as fronteiras entre a ficção e a realidade. Autores, atores e personagens convergem e divergem com frequência em suas respectivas criações.
O mesmo vlogueiro ou blogueiro pode migrar de uma ideia própria a uma representação de um produto (vídeo, foto, texto) ao outro em um piscar de olhos.
A partir de estudos mais intensos, percebemos quando é a pessoa (autor) e quando é o personagem (representação) interagindo.
Quanto mais complexo é o autor, maior é o grau de diferenciação entre um personagem e outro.
Os autores complexos, assim como os atores mais sensíveis à representação verossímil das emoções, têm o dom de pintar e representar personagens com naturalidade, criatividade e realidade visível.
Percebemos nos vlogs, criados por autores extremamente tranquilos e simpáticos, a pintura de personagens (vlogueiros) mais agressivos, humorados, irônicos, críticos e cômicos.
Da mesma forma, os autores da literatura e do cinema conseguem certa multiplicidade criativa na hora de compor personagens. Neste contexto, cada personagem é composto com um pouco do que é o próprio autor. E interpretado com muito do que são os atores.
Na literatura, assim como nas narrativas virtuais presentes nas mídias sociais, encontramos a convivência do consciente e inconsequente. A tragédia e a comédia; O pranto e o riso; A raiva e a alegria; Enfim, as emoções e sentimentos opostos coexistem e podem ser iguais ou distintos, em relação às múltiplas recepções, por parte dos diferentes espectadores e leitores.
De algum modo, é esta multiplicidade de enfoques narrativos que enriquece a construção da cultura multimídia do século XXI.
Neste sentido, o principal é que saibamos distinguir quando uma fala pertence ao autor, ao ator ou ao personagem.
J.P.D.
Nenhum comentário:
Postar um comentário