Constantemente abordo aqui a questão da dependência mediada. E apesar de ser de uma geração que só conheceu a internet na adolescência, sofro da mesma forma que sofrem aqueles que nasceram conectados na rede.
Desde sábado à noite fiquei sem conexão
banda larga em casa. Por aqui usamnos internet a rádio e, quando vem chuva
forte, geralmente ficamos sem sinal. Ao mesmo tempo meu modem 3G é incompatível
com o Windows 8, recentemente instalado no Lapt top. Pra completar, gastei todo
o saldo do celular em uma ligação na noite de sábado. Saldo que geralmente uso
exclusivamente no acesso à internet pelo celular.
A soma destes imprevistos me fez passar 48
horas sem acesso à rede. Isso é aceitável em uma viagem ou em um período que
nos ocupamos com outras atividades. Mas em dois dias ilhados em casa pela chuva,
a conexão mediada se torna uma obsessão vital à felicidade. Principalmente
quando somos viciados em internet.
A internet é onde posto e compartilho meus
textos, fotos, vídeos e outras artes de minha própria autoria. Também é onde
mantenho a maior parte de minhas conexões municipais, estaduais, nacionais e internacionais.
Ficar sem sinal de internet é como estar em uma ilha deserta ouvindo o som do
vento, dos pássaros de das ondas do mar sem ninguém pra ouvir aquilo que temos
pra falar.
É certo que precisamos ter outros tipos de
conexão. Além daqueles tipos que necessitam da tecnologia pra proceder. Como o
telefone e a internet, por exemplo. Porém, vivo outro contratempo. Há três anos
venho lutando na tentativa de me recriar como pessoa, me libertando de uma
juventude rebelde regada a amizades superficiais, companhias movidas por
segundas intenções e boemia exacerbada em bares e festas regadas a álcool e
tabaco.
O preço desta transformação tem sido uma
reclusão nas atividades profissionais e de lazer. Invisto os dias nos estudos
como mestrando, em trabalhos como escritor e produtor de conteúdo, treinos na
academia e eventuais companhias que cedem um pouco de seus respetivos tempos pra
me fazer companhia.
Neste contexto, a internet, assim como as mensagens
sms, tem sido a forma pra maximizar conexões. Ficar sem internet, assim como saldo
no celular, quando somado ao isolamento físico, nos faz pensar sobre muitas
coisas. O quanto é importante ter pessoas por perto. O quanto é valioso poder
escrever e compartilhar um texto na rede. O quanto é bom poder conversar com
amigos via redes sociais. Além da necessidade clara real da libertação da
dependência tecnológica. De algum modo, estes dois dias sem conexão me valeram
estas e outras reflexões.
J.P.D.
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