A cada dia sinto-me cada vez mais inserido no contexto de uma nova colonização. O avanço tecnológico que facilita a vida de trabalhadores, estudantes e pessoas comuns também escraviza o usuário da tecnologia, que viciado e dependente não sabe mais como viver na ausência do aparato tecnológico que usufrui diariamente.
Cada vez mais acessível, a tecnologia faz dos seres humanos, ciborgues da era pos-moderna. Equipados com seus equipamentos pró interação, armazenamento de dados e facilitação das atividades físicas e racionais. Multiplica-se o número de lares onde se é possível navegar na internet. Multiplicação esta acompanhada pelo crescimento avassalador do número de pessoas que acessa a internet pelo celular.
Assim como foi no século passado, como a invenção da televisão e da geladeira por exemplo, ocorre hoje em dia com os dispositivos multimídia. Cada vez mais acessíveis, fazem parte do cotidiano de boa parte da população. Dispositivos estes que permitem além da comunicação via linha telefônica, internet ou rádio, outras funções como filmar, fotografar, gravar áudio, jogar games, acessar o gps, armazenar dados em cartões de memória e muito mais.
É certo que ainda temos muito a evoluir no que diz respeito a inclusão digital. À alfabetização multimídia, sobretudo de adultos, crianças e pessoas da terceira idade. Mas estamos a caminho de uma conscientização que em breve se traduzirá em planos de ações em execução.
Apesar de todo o lado positivo e dos desafios que vem pela frente, o que mais me preocupa é o risco de sermos colonizados pela tecnologia. O homem máquina já é uma realidade. Próteses mecânicas, aparelhos auditivos, marcapasso e outros equipamentos introduzem o homem na era dos ciborgues. De fato, muitos de nós já são ciborgues.
O homem está delegando a capacidade de raciocinar, e armazenar dados, para as máquinas. Não se fazem mais cálculos com o papel e a caneta. Usamos a calculadora. Não precisamos mais decorar os números dos telefones que discamos diariamente. Apenas clicamos no contato para que a chamada seja feita de forma automática. Mas o perigo maior vai um pouco mais além do que podemos imaginar atualmente.
Ao projetar a inteligência coletiva e a inteligência artificial estamos brincado de ser Deus. Corremos o risco de criar máquinas autônomas e independentes capazes de reivindicar o topo da cadeia evolutiva a fim de colonizar o homem. Dando continuidade a evolução da espécie humana para a espécie tecnológica dotada de autonomia e poder de decisão. Virtualizando a alma do homo sapiens e salvando-a em microchips. Assim como a memória da história da passagem do homem pela Terra. E a partir do sopro de vida final à tecnologia, inauguraremos de vez a nova era, em que a imortalidade da alma humana ficará por conta da evolução tecnológica.
J.P.D.
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