Enquanto pesquiso as redes sociais,
seja através de referências bibliográficas ou da própria netnografia, sinto que
cada vez mais que nos aproximamos da inteligência coletiva, crescem as dúvidas
sobre os benefícios de todo este desenvolvimento tecnológico. Partindo das
pesquisas já realizadas, e indo um pouco mais além, podemos perceber que nada
sabemos sobre o que o futuro nos reserva.
Neste sentido, Douglas Rushkoff, em seu
livro 'As 10 questões essenciais da era digital' nos revela alguns perigos que
corremos em percorrer o caminho que estamos trilhando. O autor revela a
importância de ensinarmos programação nas escolas no futuro. Conforme ele mesmo
diz: 'programe seu futuro para não ser programado por ele'.
O que o autor quer dizer é que nós,
prossumers e internautas em geral, utilizamos uma tecnologia pronta pra
produzir e disponibilizar conteúdos multimídia aos nossos clientes, seguidores
e demais consumidores. Contudo somos limitados pela tecnologia previamente
desenvolvida. Aprendemos a utilizar o Windows, o Word e o Photoshop mas não aprendemos
a criar nossos próprios programas. Contudo isto irá mudar em um futuro próximo.
Outras questões debatidas pelo autor
mostram que de um lado as tecnologias são extensões de nossa capacidade de
armazenamento de informações, de cálculos automatizados e compartilhamento de
conteúdos, mas de outro lado tais atividades cerebrais correm o risco de entrar
em desuso. Ao invés de acessarmos a memória e a lembrança, acessamos o Google,
o Wikipédia ou o arquivo off line guardado em nosso pen drive.
Da mesma forma, cálculos deixam de ser
realizados no papel para serem automatizados pelas calculadoras HP. Como
estudante de engenharia, entre 1998 e 2000, pude presenciar em parte esta
transformação. A mentalização das fórmulas dos algoritmos, derivadas e integrais
foi sendo substituída pelo cálculo automático de super calculadoras de bolso.
Assim sendo nos perguntamos quais
habilidades estamos desenvolvendo. E quais habilidades correm o risco de terem
o desenvolvimento prejudicado. Oportunidades e ameaças que convivem com forças
e fragilidades. Aproveitá-las da melhor forma é o desafio. Neste sentido
precisamos estar atentos não só ao desenvolvimento tecnológico, mas ao
desenvolvimento das habilidades humanas. Sabemos que provemos de variados tipos
de inteligência. A maior parte delas ainda desconhecida. Precisamos equilibrar
o desenvolvimento das faculdades mentais ao mesmo tempo em que delegamos
funções às máquinas.
De fato são caminhos distintos, mas que
se complementam. O desafio é ter a capacidade de incluir a extensões digitais e
ao mesmo tempo preservar as capacidades analógicas e mentais de raciocínio e
ação. Assim como os estudos requerem pesquisas bibliográficas e pesquisas de
campo, precisamos entender das máquinas e programas, mas sobretudo, precisamos
entender as pessoas.
J.P.D.
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