O livro ‘Medo e ousadia – O cotidiano
do professor’ é um diálogo entre Paulo Freire e Ira Shor onde são discutidas as
possibilidades da educação libertadora. ‘O que é ensino libertador? Como os
professores se transformam em educadores libertadores? Como é que começam a
transformar os estudantes? Quais os temores, os riscos e as recompensas da
transformação? O que é ensino dialógico? Como devem os professores, falar no
discurso libertador?’; São algumas, dentre outras perguntas colocadas e
discutidas em meio ao diálogo.
Como são discutidos temas raça, sexo e
classe em sala de aula no processo libertador ? Por que é importante trazer
assuntos do cotidiano pra dentro da sala de aula ? Enfim, há muito a questionar
neste contexto.
Torna-se um desafio a possibilidade de
incorporar o pensamento crítico à vida cotidiana. No diálogo, Paulo e Ira
colocam a necessidade de ser rigoroso em sala de aula. Sendo que o rigor é
universal. Assim como é universal a necessidade de ser rigoroso. O rigor no
sentido de desejar saber. De buscar uma resposta. Um método crítico de
aprender. Incitando o outro a participar. E incluindo-o em uma busca ativa.
Neste sentido, a motivação do aluno e
do professor sucede no mesmo momento em que ele está atuando, e não antes de
atuar. Por isso é importante e necessária a participação dos alunos em sala de
aula. Assim sendo, se torna mais tranquilo aprender quando há motivação em sala
de aula.
A motivação possibilita que superemos
barreiras e ultrapassemos obstáculos. Se sente motivado o aluno que tem prazer
em estudar e aprender. Outro fator colocado por Ira, por exemplo, é que o aluno
desmotivado dentro da escola, pode ter muita motivação fora dela. E isto ocorre
por vezes a cerca de atividades nada construtivas. Por isso é importante
motivar o aluno dentro da escola.
O ciclo do conhecimento possui dois
momentos. O primeiro momento é o momento da produção do conhecimento novo, de
algo novo. O segundo momento é aquele momento em que o conhecimento produzido é
conhecido ou percebido.
Há uma transferência de conhecimentos
entre professores e alunos em sala de aula. Onde o professor se torna
exatamente um especialista em transferência de conhecimento. Despertando a
curiosidade e iniciando uma reflexão crítica relacionada a tais informações.
Então, o aluno se sente motivado quando sente que está descobrindo algo novo.
No contexto capitalista, as escolas se
tornam espaço destinado a compra e venda de conhecimento. Neste contexto, a
educação tem de ser integradora; Integrando alunos e professores na criação e
recriação de conhecimento. De certa forma, professores e alunos dispõem de um
poder de construir conhecimento em classe.
De outro lado há situação em que o
professor sufoca a aprendizagem do aluno. Há casos em que os professores
supervalorizam as citações e referências, enquanto deveriam valorizar a
criatividade do aluno e o pensamento crítico independente das correntes de
pensamento conhecidas e usuais.
Na educação libertadora e dialógica o
aluno ganha poder de participação, de iniciativa e uma certa liberdade em
interagir a participar com sua visão pessoal, desprendendo-se, em parte,
da dependência das tendência ideológicas que o precedem.
Paulo freire coloca que a educação é
também um ato político. E neste sentido, não há pedagogia neutra. Há uma ação
da educação sobre a consciência reflexiva e refletora da realidade. A
consciência torna possível a libertação. E é esta libertação que queremos aos
nossos alunos.
Apesar de todas estas considerações, a
experiência em classe é apenas ‘a ponta de um iceberg teórico’, ou seja,
há muito mais além disto tudo. Assim como no conhecimento adquirido em sala de
aula, onde o aluno precisa ir atrás do conhecimento complementar, aqui também
precisamos saber que há muito mais a ser discutido.
Precisamos levar em consideração a
necessidade de diálogo e entendimento entre alunos e professores. Neste sentido
torna-se possível o trabalho coletivo em sala de aula. Há uma necessidade clara
de abordar assuntos do cotidiano em classe e possibilitar a livre participação
dos alunos nos debates.
Sabemos que os alunos se sentem mais a
vontade quando tem liberdade criativa. E livres para opinar conforme seus
entendimentos, se tornam mais motivados a participar das discussões em grupo. E
é nestas discussões que a criação e a recriação dos conhecimentos acontece.
Além disso os alunos se sentem motivados a buscar o conhecimento complementar,
ou seja, a parte restante do iceberg cuja a ponta é revelada em sala de
aula.
Assim, sendo precisamos ter em mente
que estas considerações são apenas um ponto de partida para que revisemos e
reformulemos nossas metodologias de ensino. O diálogo continua sendo uma das
melhores alternativas na construção da educação libertadora.
J.P.D.
Resenha
introdutória da obra ‘Medo e Ousadia – O cotidiano do professor’ de Paulo
Freire e Ira Shor
Nenhum comentário:
Postar um comentário