Hoje a tarde atravessei a pé o Parque da Redenção, no trajeto de vinda de onde almocei até o apartamento que moro no centro de Porto Alegre, e quando cruzava o parque fui abordado por uma moça que me perguntou se eu poderia responder algumas perguntas. A pesquisa referia-se ao escândalo do leite que ocorreu há algumas semanas na região sul do brasil. As questões foram relevantes para perceber a importância dos fatos e relatos na construção da imagem.
O escândalo do leite ocorreu no seguinte
contexto. Um grande fornecedor de leite estava adicionando água, ureia e outros
produtos químicos no leite para ganhar volume e, consequentemente, lucrar mais.
Grandes empresas do setor de laticínios adquiriram o leite adulterado e
comercializaram no mercado. A fraude foi descoberta e os responsáveis
encaminhados a julgamento e punição cabível pela lei.
O escândalo foi noticiado nos principais
veículos de comunicação da região sul. Jornais, televisão, sites, rádios, etc.
A mídia revelou o nome das empresas que estavam comercializando o leite adulterado.
Expondo marcas e solidificando uma imagem negativa de tais empresas, elas
mesmas criaram devido ao envolvimento no fraude.
Na pesquisa que respondi na Redenção me
perguntaram se fiquei sabendo do fraude do leite. Quem eram os responsáveis.
Quais as empresas envolvidas. Que marcas de leite costumo comprar. Se comprei
alguma vez o leite das empresas que tiveram lotes apreendidos. E se tornaria a
comprar produtos de tais empresas.
O fato é que tais empresas comprometeram a
própria credibilidade no mercado. Muitos consumidores revelam que não compram
mais produtos destas empresas. Apesar de sabermos que isso é temporário, como
no escândalo não muito distante dos 'Todinhos contaminados'; Que hoje são
consumidos na mesma proporção de antes.
De algum modo, os meios de comunicação, independente de terem ou
não esta intenção, intensificaram a exposição e consequentemente influenciaram certa
rejeição do público a estas empresas. De certa forma, tal imagem criada com o
fraude do adulteramento do leite, apesar de dimensionada pela exposição
midiática, foi criada pelos próprios fatos e é de responsabilidade das empresas
envolvidas.
A questão a que me proponho chegar é o
fato de que uma vez abalada e distorcida a imagem pública, seja ela de pessoa
física ou jurídica, há muito trabalho a ser feito para que esta imagem seja
recuperada. Neste caso específico, ironizando o acaso do destino, o recomendado é tomar um 'banho de leite' pra 'lavar a alma'.
Um exemplo semelhante ocorre com pessoas comuns. Quando somos bons
namorados, amigos, funcionários ou alunos, somos recomendados como tais. De
outro modo, a partir da imagem que criamos, somos testemunhados de forma não
positiva. Apesar da responsabilidade de cada um em criar a própria imagem, há
sim uma influência dos testemunhos e relatos na aceitação ou rejeição pública.
Seja de empresas, instituições ou pessoas.
Da mesma forma como as empresas envolvidas
no escândalo do leite, todos precisamos trabalhar duro para construir uma
imagem de ‘empresa confiável’ ou ‘pessoa confiável’. As pessoas, quando buscam uma certo grau de
aceitação no 'mercado', precisam medir e direcionar atitudes e comportamento.
É certo que as indicações e testemunhos positivos aparecem apenas
após algum tempo de bom comportamento. E quando procede-se de forma positiva,
mesmo que hajam testemunhos distintos, somente os testemunhos positivos serão
verdadeiros. Neste caminho, procedendo da maneira certa, empresas e pessoas
recuperam e constroem a imagem positiva, os bons testemunhos, as recomendações,
as indicações e a aceitação do mercado se tornam realidade com o tempo e de
forma natural.
J.P.D.
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