Foto de Juliano Dornelles |
Há tempos venho comercializando uma
forma alternativa de viver. Algo que fui obrigado a aprender durante a
caminhada. Esta maneira de encarar os desafios torna a caminhada mais prazerosa
e menos cansativa. Consiste em duas coisas básicas: Intercalar atividades e
descansar em movimento.
Durante minha adolescência fiz tudo
aquilo que um jovem entre quinze e trinta anos costuma fazer. Frequentei quase
todo tipo de festas. Curti quase todo tipo de mulher. Bebi quase todo tipo de
bebida alcoólica. Além de outras experiências as quais prefiro não
citar, pois nada acrescentam. Nos últimos doze anos, troquei de faculdade
quatro vezes até me formar. Trabalhei em mais de dez empresas diferentes ao
mesmo tempo em que passei a maior parte do tempo procurando vagas. Experimentei
do bom salário ao subemprego. E ainda estou na luta. Mas foi a partir dos
trinta anos que comecei a ver o mundo com outros olhos. É como se eu
houvesse dormido por trinta anos em meu íntimo. E então houvesse despertado.
Migrava de um mundo onde havia vítimas, culpados, vilãos e outros
seres marginalizados. Para um mundo onde cada um é responsável por sua
realidade.
Fumar um cigarro ou tomar uma cerveja
não mais resolveria meus problemas. Aliás, nunca resolveram. Mas prestar
atenção no movimento do universo, e nos próprios passos, me fez entender o
caminho. Minha concentração já não era a mesma dos tempos anteriores à vida
boêmia. O mesmo poderia falar do preparo físico. Foi então que precisei rever
minhas posições e atitudes em cada situação. As festas deram lugar à
navegação noturna com interesses profissionais ou acadêmicos. As manhãs de cama
até tarde foram substituídas pelo toque do celular em um horário que me
permitisse salvar a produtividade diurna. Os treinos de academia se tornaram obrigatórios
Além da necessidade de reeducação alimentar. O cigarro, o álcool e todo tipo de
substância química que altera o comportamento foram eliminados por
completo. Mas descobri que havia algo mais a ser feito.
A concentração estava prejudicada. E
como precisava focar em trabalhos específicos e estudos cotidianos, pesquisei
na internet uma forma de transformar este problema em algo benéfico. Descobri
um estudo que recomendava um break de dez minutos entre cada
cinquenta minutos de estudo ou trabalho. Adaptei a formatei ao meu
modo. E comecei a intercalar atividades como estudo, trabalho em meus
empreendimentos, tarefas domésticas, interação com amigos, navegação nas redes
e outras atividades como ler o jornal, ouvir rádio e tomar um chimarrão.
No princípio ficou tudo uma confusão. E
confesso que ainda precisa de umas regulagens, porém comecei a ter mais prazer
em desempenhar cada tarefa. O dia se tornou mais produtivo. Comecei a limpar a
casa todos os dias, estudar de manhã, de tarde e de noite, atender meus
clientes de forma intercalada sempre que surge trabalho, malhar com maior
frequência do que antes e passar a maior parte do tempo produzindo algo. Desde
a hora que acordo até a hora de dormir.
O mesmo precisei fazer com a academia.
Sentia uma necessidade de incluir atividades aeróbicas no treino. Então comecei
a correr na mesma semana que resolvi cortar o cigarro. Isso há alguns meses. Na
primeira semana que tentei correr na esteira passei mal já no terceiro minuto
de corrida. Precisei criar um treino alternativo. Se o máximo que aguentava
correndo eram dois minutos, ou era obrigado a parar no terceiro minuto, ou a
caminhar o restante do caminho. A segunda opção foi a escolhida. Descobri que a
cada intervalo de três minutos caminhando, conseguia correr mais dois. Assim
poderia passar dos vinte minutos tranquilamente intercalando corrida e
caminhada.
Estes dois exemplos são exemplos
cotidianos de algo simples de perceber. A jornada se torna mais tranquila de
ser percorrida, quando podemos aproveitar a caminhada. Isto funciona tanto na
atividade física, quando nas atividades intelectuais como trabalho e estudo.
Fazer um break às vezes é necessário e faz recompor as energias,
renovar a motivação e incorporar uma dose extra de inspiração. Sei que isto é
fruto de uma experiência pessoal que ainda não me levou a nenhum lugar
concreto. Mas como sou o laboratório de minhas próprias experiências, sinto que
esta é uma forma de viver mais tranquila, saudável e construtiva do que era
antes. O caminho nos ensina pra onde ir.
J.P.D.
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