quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O outro lado da visibilidade mediada


Hoje estava fazendo mais um estudo de campo no YouTube e percebi que ainda há muito a garimpa. Percebo a multiplicidade de conteúdos deste portal. Assim como encontramos muito conhecimento e cultura interessante, encontramos também o que chamamos de anti-cultura, ou ‘conteúdo trash’. 

Quando falo de conteúdos deste gênero, me refiro a conteúdos mais pesados do que cenas de bulling, ninfetas dançando de calcinha, sexo explícito em reallity shows da televisão aberta ou coisas do tipo. Falo de estímulo ao terrorismo, à prostituição e ao consumo de drogas. Assim como outros temas relacionados.

Nesta tarde, por acaso, encontrei um vídeo em que o vloger ensinava como produzir um cigarrilho de maconha. Aproveitei para ver mais vídeos do mesmo canal. E encontrei mais de oitenta vídeos do mesmo internauta sobre o assunto. Ali havia dicas de como plantar, como secar, como prensar, etc. Em todos os vídeos o usuário aproveitava para fumar um baseado e falar bobagem chapado. Tudo bem, à primeira vista parece até engraçado, mas depois fiquei pensando no efeito que este tipo de conteúdo pode ter sobre crianças, jovens e adolescentes. E principalmente o fato de que não há um controle efetivo de acessos e envios no YouTube. Ou seja, qualquer vídeo ali postado pode ser acessado por internautas de qualquer idade.

Há dois pontos cruciais nesta questão. Primeiro: deveria haver um controle maior por parte do YouTube sobre o tipo de vídeos que é postado. Segundo: Deveria haver uma restrição de acesso de alguns conteúdos na internet por menores de idade. 

Sabemos que não há este tipo de controle. O único controle, que pode ser feito em relação aos conteúdos acessados por crianças e adolescentes, tem de partir do controle dos pais ou dos estabelecimentos e instituições onde a internet é acessada. Existem softwares que fazem este controle.

Ainda acho que ter o registro do IP da máquina dos usuários é uma forma precária de controlar acessos, uploads e downloads. Acredito que deveria haver uma identidade virtual vinculada ao CPF ou RG, com a qual cada usuário deveria logar quando fosse acessar a rede. Com conteúdos restritos a menores, a criminosos e outros tipos de perfis particulares. Somente assim poderemos ficar mais tranquilos.  

Sei que esta é uma visão passível de ser criticada. Somos cada vez mais controlados e vigiados ao mesmo tempo em que ganhamos liberdades. Vivemos o que chamamos de a era da liberdade monitorada. Temos voz e espaço para gritar ao mundo, mas nossos passos estão sendo vigiados. Seja pelas câmeras de tv espalhadas pelas ruas da grandes cidades, condomínios e estabelecimentos comerciais. Ou pela curiosidade alheia que pesquisa a nossa vida nos pesquisa na rede. A exposição das intimidades e a visibilidade global vêm seguidas do controle social e do fim da privacidade. E assim como quase tudo este é um tema que tem dois lados. 

J.P.D. 

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