Cientistas e pensadores sustentam a ideia de que a ordem surgiu do caos. As infinitas explosões, ou pequenos big-bangs, ocorridas nos diversos centros gravitacionais existentes no universo são responsáveis pela organização astronômica atual. Assim como os astros, as ideologias também se organizam a partir de movimentos explosivos e revolucionários.
Quando falo em revolução, vou um pouco além
das rotações e translações astronômicas. Incluo os movimentos cíclicos de
expansão e compressão dos astros no cosmos. Movimentos convergentes e
divergentes. Da mesma forma que observo os incidentes revolucionários ocorridos
nos dias mais recentes.
Os protestos e manifestações, recentemente
eclodidos, têm sim causa e sentido. A grande maioria dos jovens envolvidos sabe
o que quer. Suas bandeiras estão hasteadas e suas ideologias bem definidas.
Porém, em meio a ordem, percebemos também o caos anárquico involuntário causado
pelo inexistência de lideranças fortalecidas e de controle coletivo.
É certo que o movimento tem um ideal. E
este ideal busca direitos iguais. Enquanto estes direitos, segundo alguns
manifestantes, só seriam possíveis na ausência de lideranças hierárquicas e
representatividade ideológica partidária.
Se de um lado há um norte bem definido em
que um grupo sabe o que quer e tem ideia sobre aonde estamos indo, de outro
lado há uma certa euforia inconsciente. Muito além dos vândalos, e dos que se
salvam por saberem o que querem, há também aqueles que se reúnem à massa pra
celebrar uma festa como se estivessem em um carnaval.
Neste sentido, contornando o assunto, mas
mantendo a pauta, aproveito pra levantar também uma bandeira pessoal. Estive
presente nas manifestações de segunda-feira (dezessete de junho) em Porto
Alegre, e percebi que muitos jovens, salvo os conscientes, estavam ali pra
curtir. Entorpecidos de cachaça e consumindo drogas como maconha e loló, alguns
deles pediam em seus cartazes a descriminalização das drogas.
Neste contexto, por ter vivido uma
adolescência conturbada pela boêmia exacerbada e prejudicial, e hoje estar
vivendo um período mais tranquilo e produtivo, sinto a necessidade de
compartilhar uma experiência pessoal onde o trabalho, a educação e o cultivo da
saúde mental, psicológica e espiritual vem ganhando mais importância frente a inconsequência
do consumo de álcool, tabaco e outras substâncias.
Tenho certeza que muitos jovens ainda
adormecidos criticarão esta colocação. Porém, o progresso e o desenvolvimento
se tornarão mais facilmente alcançáveis se estivermos sóbrios e conscientes. O
consumo de substâncias químicas faz um movimento no sentido contrário da alta
performance nas atividades profissionais, educacionais e pró saúde.
Mesmo sabendo que este assunto foge um
pouco do tema principal das manifestações pelo fim da corrupção e pelo acesso
aos direitos humanos, sociais e políticos, trago esta questão a ser debatida
pelo fato de que venho experimentando uma fase de sobriedade construtiva a partir
de algumas mudanças de comportamento.
Tenho certeza de que a descriminalização
da cannabis sativa é inevitável. E
que tampouco será proibida a venda de bebidas alcóolicas e tabaco a menores de
idade. Contudo, peço sobriedade a respeito deste tema. E se alguém ainda tem
dúvida em relação ao caráter destrutivo das substâncias químicas, convido a
comparecer às milhares de salas de Narcóticos Anônimos espalhadas pelo Brasil pra ouvir, pelo menos uma vez, os depoimentos compartilhados pelos adictos em recuperação.
Ou consultarem especialistas na área. O que desejo a mim é o que desejo aos
jovens do Brasil: Dias melhores, ordem e progresso.
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